Não é novidade para ninguém que todas as profissões são afetadas com esse vírus que nos assola e nos tira vidas todos os dias.

Perdemos parentes, amigos, conhecidos e às vezes até parceiros de vida, o que nos faz repensar muito na nossa responsabilidade social.

Esse texto não tem nenhum intuito de dizer qual profissão é mais impactada, mas focar na minha profissão de locutora publicitária.

Vocês já imaginaram como deve ser entrar no estúdio de gravação e à partir dali tentar "esquecer" do mundo exterior? A verdade é que eu tento. Mas vez ou outra essa tristeza faz com que o tom de voz mude, a velocidade, o ritmo da locução, o quanto eu erro, na concentração.

E embora muitas vezes eu me sinta “em um mundo à parte” estando dentro do meu estúdio, no cenário que estamos todos vivendo, isso se torna impossível.

Em uma situação normal, eu já ouço atentamente todas as minhas gravações, todos os respiros, a velocidade da voz, o volume, o tom e se por acaso vazou algum barulho externo no microfone que irá afetar a qualidade da locução.  Entretanto, percebo que comecei a me cobrar muito mais e ter um maior perfeccionismo com as gravações, o que não necessariamente é positivo.

O fato é que o luto sempre chega, seja de alguém muito próximo, amigo ou conhecido, ou de milhares de pessoas que não conhecemos.

Agora imagine viver tudo isso sem poder transparecer seus medos e angústias através da sua voz, é muito difícil, não? Pois é. Essa é a vida de um locutor na pandemia.

Seria muito bom se eu conseguisse entrar em gravação e simplesmente esquecesse de verdade tudo o que acontece “lá fora”, mas infelizmente, nem sempre consigo. E essa é a minha luta diária - e de grande parte das pessoas nesse momento.

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